Em um mundo tão agitado, sem tempo para nada e repleto de possibilidades em todas as áreas e contextos, chega a ser estranho saber que alguém vive só. Ainda que este alguém possua mais de 60 anos alguns hão de perguntar: “Como pode alguém morar em uma metrópole como São Paulo e viver só; pois se é aqui que todos se encontram e tudo acontece!”.
Estar só não é estar obrigado a
viver recluso, sem contato com a família, amigos ou o restante do mundo. Estar
só, por vezes, significa uma opção pessoal, principalmente se o idoso goza de
saúde física e mental. Estar só, pode representar resposta à necessidade de
recriar sua identidade em uma época na qual as responsabilidades maiores já não
são as que nos acostumamos a ter durante nossa vida profissional ou pessoal.
A aposentadoria para muitos
idosos constitui o marco real do envelhecimento – e aqui se colocam
duas alternativas: sucumbir a elas – aposentadoria e envelhecimento – ou, digamos assim, “domá-las”. Qualquer que seja a alternativa escolhida esta é a época propícia para repensar a vida, replanejar o tempo que se dispõe e cuidar de se manter saudável, já que a autonomia é um dos objetivos a que todos almejamos.
duas alternativas: sucumbir a elas – aposentadoria e envelhecimento – ou, digamos assim, “domá-las”. Qualquer que seja a alternativa escolhida esta é a época propícia para repensar a vida, replanejar o tempo que se dispõe e cuidar de se manter saudável, já que a autonomia é um dos objetivos a que todos almejamos.
A ausência dos filhos que se
afastaram da casa paterna para cuidarem de suas vidas e das suas famílias, bem
como o falecimento do cônjuge, podem repercutir como uma sentença de abandono para
o idoso.
É recomendado que, frente às duas
situações, se procure um acompanhamento profissional, mesmo que temporário, antes
de assumir qualquer decisão sobre morar ou não sozinho, principalmente se a
reação a elas for de profunda tristeza e desamparo. A complexidade e o
inesperado dessas circunstâncias tendem a desequilibrar emocionalmente as
pessoas e, dessa forma, qualquer resolução pode ser precipitada e afetar de
forma negativa os caminhos assumidos.
Estar só não deixa de ser uma
escolha corajosa, pois, até que o façamos, estaremos nos questionando se esta
será a melhor alternativa, se conseguiremos “dar conta do recado”. O quanto
seremos ou não, independentes – mas, o que mesmo significa ser independente? –
como faremos se ficarmos doentes ou o que fazer para evitar a ansiedade e a depressão?
Uma coisa é certa: grande parte
de nossa vida foi centrada nos cuidados para com outras pessoas. Em diversas
ocasiões deixamos de nos reconhecer, como uma identidade única e desejante,
para cumprir papéis e atender aos desejos e necessidades de outros, tanto no
ambiente familiar quanto no profissional.
Vale a pena pensar: “Tenho ainda
muita vida pela frente, como desejo vivê-la? Sei que terei de me adaptar a uma
nova realidade que pode me assustar em um primeiro momento. Mas, quantas vezes
no trajeto que percorri até aqui, pensei em qual seria o gosto da liberdade, em
o quê estaria fazendo se pudesse escolher?”
Essas e uma série de outras
questões devem ser feitas por aqueles que se encontram nessa fase de mudança
nas perspectivas de suas vidas. Respondê-las o mais honestamente possível é
questão fundamental. “O que desejo para mim?, Conseguirei assumir as
responsabilidades e os desafios que se apresentarem? Como fazer para obter o
apoio de parentes e amigos à essa ideia?"
Creio ser imprescindível
esclarecer a diferença entre esses questionamentos e definições quando
assumidas individualmente ou pelo casal. A presença do outro, companheiro e
caminhante do mesmo caminho, exige uma reflexão a dois, a troca de ideias e de
ideais, o respeito às dúvidas e aflições que cada um poderá apresentar, assim
como ao seu entusiasmo.
Deixo aqui recomendações para os
que pensam em se aventurar a viver sozinhos – porque não deixa de ser uma aventura
– alguns dos itens que precisam ser contemplados ao se planejar viver só,
iniciando por pequenos detalhes que poderão, no final, fazer toda a diferença.
Para sua segurança pessoal:
· Cartão Nacional de Saúde, Bilhete Único, Cartão
de Estacionamento em vaga especial, Carteira Nacional de Habilitação e demais
documentos que garantem ao idoso atendimento prioritário ou benefícios devido à
idade devem ser providenciados, independentemente de o idoso não mais dirigir
automóveis – assim poderá utilizar carona e retribuir com uma vaga em
estacionamentos – ou ter contratado convênio médico particular. (Anotar a data
para a renovação dos documentos.)
· CPF, RG e Carteira Nacional de Habilitação são
documentos que deverão acompanhar a pessoa, não esquecendo que a CNH pode
substituir o RG. (Anotar a data para renovação do RG – que deve ser feita de
dez em dez anos)
· Providenciar um cartão com o nome do usuário, seu
tipo sanguíneo e observações necessárias para o caso de emergência hospitalar
como, por exemplo, o uso de marcapasso, o fato de ser hipertenso, cardiopata,
diabético, alérgico, usar próteses, ou de estar em tratamento médico – e os
telefones de, pelo menos, duas pessoas próximas – familiares ou amigos –, sem
citar seus nomes, e juntar essas informações ao cartão do SUS ou do convênio
médico.
·
Organizar sua vida financeira, fazendo uma
agenda detalhada das contas a pagar em cada dia do mês, não esquecendo do
equilíbrio entre o que ganha e o que gasta.
·
Organizar agenda de contatos para se comunicar
com familiares, amigos, empresas de táxis, profissionais de sua confiança.
·
Organizar seus documentos médicos – exames,
receitas, lista de medicação
Organizar documentos que comprovem sua formação
escolar – porque poderão ser utilizados em um possível retorno ao mercado de
trabalho.
Puxa vida, veio a calhar.
ResponderExcluirFilhos e netas foram morar nos Estados Unidos e estão muito bem. Como diria Drumond: "São umas fotos no WhatsApp, mas como dói. Gostei de todo o texto. Achei muito práticas as recomendações no final do artigo sobre documentação e organização.
Queria acrescentat algo um pouco "mórbido" mas real: regularize documentação de imóveis, procure um advogado para cuidar do testamento (não queira filhos e noras brigando) informe outras pessoas sobre bancos, investimentos, contas a pagar etc.
De novo, OBRIGADO MALU,seu blog é muito importante.
Grata, Donadio, M por seu comentário. Tenha a certeza de que aproveitarei, sim, suas sugestões em uma próxima postagem sobre o assunto, provavelmente daqui a 15 dias. Creio que seja um tema bastante rico e, quanto mais pudermos compor listagens de providências a serem tomadas, maior a possibilidade de um número significativo de idosos se organizar conscientemente para morar sozinho, caso seja essa a circunstância que lhe caiba.
ExcluirMuito bom e dá no quê pensar! Presente e futuro...
ResponderExcluirCNavarro, grata por sua presença. É isso mesmo: cuidar do presente para garantir um futuro sem muitas das questões previsíveis.
ResponderExcluirOlá, Malú.
ResponderExcluirHá várias pessoas que vivem (sentem-se) sozinhas, mesmo estando rodeadas de pessoas (amigos, parentes ...). Uma das principais causas de depressão é justamente o isolamento, mesmo que não seja o físico, mas é o psicológico, o emocional.
Viver sozinho por opção e estar se sentindo bem, feliz, independente e com saúde, é uma decisão que deve ser apoiada, celebrada e valorizada, desde que o vínculo familiar e social não seja interrompido.
Importantes dicas você deixou no texto.
Como estamos nos aproximando das festas de final do ano, gostaria muito de ler alguma de suas histórias sobre acontecimentos que ocorreram nessas ocasiões ou dicas importantes para a integração intergeracional para que todos passem momentos inesquecíveis e felizes que tanto esperamos para essas festas. Melhor ainda se conseguirmos estender por todos os dias do ano o clima e sentimentos natalinos e de ano novo.
Parabéns por mais este texto, Malú.
Abraços.
José Clemente Méo Jr.
José Clemente Méo Junior, mais uma vez grata por seus comentários e participação. É muito bom saber que há pessoas que nos acompanham e nos ajudam em nosso caminho. Seus comentários são valiosos e complementam, perfeitamente, aquilo que digo nas postagens. Quanto à sua sugestão, tenha a certeza que daqui a um tempinho, farei isso mesmo. Grata, meu amigo. Um grande abraço.
ExcluirOrientações incríveis! Confesso que não estou tão organizada!
ResponderExcluirVou procurar seguir seu roteiro!