JOGO FAMILIAR EM TEMPOS DE PANDEMIA



A pandemia que atinge cada recanto deste planeta aos poucos nos mostra, ou melhor escancara , o quanto desconhecemos ou não nos importamos com o equilíbrio dos diversos universos que se interpõem formando um todo uniforme.

Já que as famílias estão confinadas em suas casas, por que não criarmos o hábito de registrar para a posteridade, aquilo que estamos descobrindo a respeito desta época? Convide as crianças, adolescentes, adultos e idosos que moram em sua casa a relatar aquilo que estão observando em termos de mudança de hábitos, tanto no universo familiar quanto na sociedade brasileira e mundial. 

Para que isso ocorra é importante que esse registro se transforme em um exercício diário, que as pessoas respeitem as opiniões umas das outras e possam também concordar, discordar, complementá-las, aprofundá-las de forma a traduzir a atualidade de suas vidas, de seus interesses, desejos e frustações. 

Por exemplo: pela manhã, durante o café com a família, é possível reservar alguns minutos para que cada integrante do grupo sugira temas que serão assumidos pelos demais como os que serão analisados, contemplados no decorrer daquela semana, ou nos próximos dez, quinze dias. Todos, da sua forma, ficarão responsáveis por realizar pesquisa sobre os assuntos selecionados e deverão apresentar suas conclusões quando se sentirem preparados para isso, mas dentro de um prazo em que todos estabeleceram juntos.

Por escrito ou através de áudio, o importante é que todos participem do registro desses assuntos, fundamentando sua opinião com informações resultantes de pesquisas abalizadas – para isso é preciso que as crianças recebam orientação dos adultos que deverão incentivá-las a, cada vez mais, diferenciar na mídia, notícias e análises reais, verdadeiras, daquelas em que se noticiam inverdades ou fake news, sempre pensando no registro dos fatos que, no decorrer do dia será feito e questionado pelos demais elementos do grupo familiar, muito mais no sentido de se garantir reflexão e análise sobre o assunto que será comentado para as gerações que ainda virão.

Quais os benefícios que esta atividade oferece?
Em primeiro lugar, poderá ocupar parte do espaço reservado ao estudo tradicional, principalmente em se tratando da lição de casa e da exposição, pelo professor, do conteúdo a ser ensinado: o fato de todos os parentes se organizarem antecipadamente para garantirem sua participação nos debates que ocorrerão no prazo marcado e aceito por todos, incentivará a produção de conhecimentos novos,  que serão aprofundados ou atualizados; 
Estimula o trabalho em equipe: evidente que em se tratando de crianças mais novas, deficientes, pessoas adoentadas e mesmo alguns idosos, a colaboração de outras pessoas do grupo se faz importante. Este é um modo de integrar os familiares em ações conjuntas de pesquisa, análise de acontecimentos e reflexão sobre passado, presente e futuro.
Favorece o conhecimento de acontecimentos passados, que foram vivenciados pelas gerações mais velhas, assim como de fatos vividos pelas crianças e adolescentes que, talvez, nunca tenham sido discutidos.

Que tal pensarmos em colocar em prática essas sugestões? Certamente esses serão momentos que contribuirão para a união da família e que, mais tarde, serão lembrados com saudade.  

RESGATANDO HISTÓRIAS FAMILIARES

 

 Houve um tempo em que se dizia que o centro da casa era a cozinha. Era de lá que vinham os aromas juntamente com o “convite” não enunciado, para que a família se reunisse nesse lugar privilegiado.

Existem histórias, aventuras, tradições que fazem parte das famílias. Recordá-las é um modo de se garantir a sensação de pertencimento a um grupo que possui raízes e como as árvores podem oferecer sua sombra e florescer.

Aromas e sabores são capazes de despertar memórias afetivas – ou criá-las. A criança começa a se habituar com a linguagem da culinária para conquistar autonomia. Também desenvolve o senso de equipe, de planejamento, de organização, flexibilidade mental, motivação e persistência do esforço até a finalização do objetivo, atenção, memória e autocontrole.

Reunir a família para recordar/ensinar culinária é atividade intergeracional que pode ser feita reunindo pessoas das diversas gerações: avós, pais, netos. A família toda interage.

Aquela torta de camarão, feita nas festas de final de ano, o bolo inglês que foi motivo inclusive para dar início a um sonho, à aventura de criar seu próprio negócio – e por que não?   

As fotos antigas da família, registrando quem se responsabilizava pelo toque final dos doces e tortas, tudo isso é motivo mais que suficiente para cultivar nas crianças o prazer em confeccionar algo cuja receita a família mantém como tradição.

As crianças estão ávidas por aprender e os avós por ensinar. Na cozinha há possibilidade para todos, independentemente da idade e da dificuldade que cada um possa apresentar.

Distribuir as tarefas compete aos adultos. Para isso faz-se necessário ter em mãos alguns equipamentos: uma balança, medidas equivalentes a 1 xícara, ½ xícara,  1 colher de sopa, de sobremesa, de chá e café. Converter os ingredientes secos em gramas e os líquidos em mililitros serão aquisições inestimáveis para as crianças.

Untar a forma, fazer a calda, descobrir como deixá-la brilhante são conhecimentos para a vida toda. Cronometrar o tempo para assar, assim como participar da lavagem da louça usada, da arrumação da mesa para o lanche, com suco ou chá, promovem o bom gosto e o prazer de se fazer algo bonito, que certamente contribuirá esteticamente para que se crie um ambiente de harmonia, paz de espírito e muita troca de informações.                                                                           



COMO DESENVOLVER A MEMÓRIA AUDITIVA

 

Houve um tempo em que as famílias, ao final da tarde, início da noite, se reuniam nas calçadas de suas casas; cada pessoa levando uma cadeira de praia, dessas de fácil montagem, e passavam horas conversando, brincando com os pequeninos, acompanhando os mais jovens em suas aventuras e desventuras de adolescência. Não só a família participava, como também, muitas vezes, a vizinhança toda.

Talvez não voltemos jamais a atividades tão românticas, saudosas e gostosas, mas por que não, nas tardes modorrentas de finais de semana, ou nestes dias em que a família inteira está obrigada a conviver em isolamento, crianças, vovós e vovôs não joguem um jogo – não precisa contar para ninguém que é uma atividade terapêutica – muito divertido e estimulante?

As atividades intergeracionais possuem como objetivo fundamental a possibilidade de aprofundar os vínculos familiares entre as diversas gerações que compõem uma família, de modo a facilitar a comunicação, o respeito, as memórias familiares, a importância de cada pessoa e do grupo como núcleo familiar.

Envelhecer traz muitas vezes, uma certa dificuldade em ouvir com a mesma clareza de tempos atrás. Alguma insuficiência auditiva pode representar um esforço maior ao participar de atividades em grupo e muitos idosos podem preferir isolar-se, o que representa a pior escolha, pois juntamente com o isolamento, não raro a falta de atenção, de concentração e outras condições limitantes também podem ser fazer presentes.  

A família pode contribuir para desenvolver a memória dos idosos. Em um jogo colaborativo que envolve diferentes gerações – é o princípio da integração intergeracional.

·       É possível acionar um aparelho elétrico conhecido por todos, por exemplo uma batedeira de bolos, e sem que as pessoas a vejam, propor que descubram do que se trata. Pode ser também o som de uma ou várias moedas ou diferentes objetos caindo.

·       Pode-se também usar um instrumento musical – melhor ao vivo, mas pode ser uma gravação – como uma flauta, um violão, triângulo.

·       É possível preencher copos de vidro ou garrafas com quantidades diferentes de água, bater levemente com colheres e pedir que a pessoa identifique a variação do som – notas musicais para quem tiver algum talento, mas não é obrigatório.

·       A possibilidade de alguém se utilizar dos sons, recordando uma melodia conhecida por todos, pode servir como estímulo para que os outros participantes também a reconheçam e elaborem, por exemplo, um ritmo diferente ou uma variação na melodia que deverá ser seguida pelo restante do grupo. Melhor ainda, se cada um a seu tempo, empregar uma variação a ser seguida pelas outras pessoas.

Bom divertimento!




IDOSOS PODEM CONQUISTAR OS JOVENS, SE DIVERTIR ENSINANDO E APRENDENDO






Na relação com os jovens, principalmente as crianças – chamamos de intergeracional – os idosos podem criar um ambiente de aprendizado. Entretanto, a maior conquista será que todos se divertirão muito e os laços de amor serão aprofundados.

Primeiro de tudo é preciso lembrar que aprender é atividade inerente ao ser humano em qualquer idade. O homem é curioso, pensa, questiona, coloca em dúvida a ordem estabelecida e percebe possibilidades inéditas de agir. O fato de questionar-se e indagar o ambiente o faz buscar responder suas perguntas, encontrar alternativas de soluções que possam satisfazê-lo. Assim, fazendo aprende. Através do ensaio e erro, de acertos e desacertos se desenvolve e, ao mesmo tempo, participa e auxilia no desenvolvimento da sociedade. Isso é uma vantagem para os idosos, eles erraram e acertaram mais; portanto sabem!

Aprender gera prazer. Por ser ato pessoal é experiência única, intransferível. É prática que se vive, sempre, individualmente, conquista de cada um, embora possa ser socializada como conhecimento adquirido.

Cada pessoa ao se desenvolver repete, em suas experiências, o modo como a humanidade se desenvolveu. Assim, para toda a aprendizagem há um percurso de maturação a ser feito e, como resultado, teremos pessoas mais ajustadas ao seu ambiente, com vivências únicas que transformam sua realidade, fortalecendo-as nos aspectos físicos, cognitivos e psicossociais.

Por onde se dá início às aprendizagens? Pelos órgãos dos sentidos: visão, audição, paladar, tato e olfato. O ambiente em que a criança vive é rico em estímulos. Desde o útero, o bebê se acostuma com os sons que ouve, seja do organismo de sua mãe ou de sua voz; a partir do sexto mês de gravidez, já com os ouvidos totalmente desenvolvidos, escuta o ambiente externo e a ele responde.

Ao nascer, uma profusão de odores, sabores, imagens, toques, ruídos, cores desafiam a criança e a instigam a desbravá-los. Ela se vale de todos os recursos disponíveis e interage com o ambiente. E sobre ele aprende, conquista novos conhecimentos. Conhecendo o seu entorno, aprofunda-se no conhecimento sobre si mesma.

Há um sem número de atividades que poderão ser aproveitadas para estimular os órgãos dos sentidos e mantê-los preservados tanto das crianças quanto das pessoas idosas.

Comecemos pelo tato.

Separe vários objetos, utilizando desde gravuras retiradas de revistas, fotos familiares, novelos de lã, tecidos, talheres, pincéis, brinquedos e tudo o que se puder colocar em uma caixa fechada ou em um saco de TNT grande.

O mais importante, aqui, é que os objetos usados não sejam unicamente ilustrações impressas que muitas vezes distorcem o estímulo e refletem uma realidade distante, talvez desconhecida para quem participa do jogo.

A foto de um coelho, por exemplo, pode ter um título? Quem pode dizer algo sobre ele? Como é tocá-lo? Qual a sensação que dá? Com o que se parece? É macio? Áspero? O que ele come? Como anda?

Aqui vale fazer o maior número de referências sobre o coelho, comparando-o aos objetos que estão na caixa ou no saco de TNT. As crianças, adolescentes, adultos e idosos que participam deste momento têm histórias para contar sobre sua experiência com este animal?

O vovô e a vovó podem transformar as brincadeiras com seus netos – e mesmo com adolescentes desde que descubra quais seus interesses - ajustando estas dicas. Atenção: vocês estão em um processo de ensino e aprendizagem, porém têm que ser brincando e se divertindo.

 


A BENÇÃO DE ABENÇOAR




Conversando com amigos, há tempos, quando encontrá-los era uma realidade palpável e corriqueira em nossas vidas, falamos sobre o significado da benção. O que mais me sensibilizou nesta conversa foi o fato de nos referirmos à benção como tendo um efeito duplo: o desejo de que a pessoa a quem se abençoa receba o melhor que se pode a ela desejar e, ao mesmo tempo, o fato de que essa benção repercute na pessoa que a proferiu como alguém a quem a vida também abençoa.

Voltando para casa pus-me a pensar no significado que demos à benção, não sem antes lembrar que quem nos abençoa geralmente são os pais, assim como os religiosos de forma geral, solicitando à divindade na qual creem vida longa, harmoniosa, justa e honesta a quem abençoam.
Assim pensando, fui percorrendo caminhos de bênçãos que recebi ao longo de minha vida, até que me veio à lembrança algo que vivi com minha mãe quando ela, após um implante de marcapasso, já não conseguia deslocar-se com a mesma desenvoltura de antes, pela casa em que vivera por mais de cinquenta anos, após casar-se com meu pai.

NESTES TRISTES TEMPOS, VIVER A VIDA PLENAMENTE



As férias escolares de julho ainda não haviam começado e uma amiga me disse que “detestava as férias, pois durante esse período ela não fazia nada, ficava ociosa, desperdiçava um tempo que seria de aprender muitas coisas”. Disse ainda, que “gosta de interagir com as pessoas e que, uma vez em férias, quase não sai do quarto”. E, para dar ênfase ao que dizia completou: “Eu gosto mesmo é da escola; meu sobrenome é escola, tanto que eu gosto de estar lá. Malu, você pode me ajudar?” 

Esta amiga é a Cacá. Nasceu com paralisia cerebral e há vinte anos depende de uma cadeira de rodas. Como resposta a seu pedido disse-lhe que poderia ajudá-la a tornar as férias mais divertidas e gostosas. E a convidei para escrever uma história, mesmo que fosse daquelas que começam com “Era uma vez...”. Cacá, no entanto, considerou falar sobre uma história real e sugeriu que escrevêssemos sobre a viagem à Disney que ela fez com sua família quando completou 19 anos.

NOVIDADES NO GRUPO E NO BLOG

Nosso BLOG DA FELIZ IDADE está beirando os 5.000 vistantes em menos de um ano. Nosso GRUPO DA FELIZ IDADE em pouco mais de um mês já é uma comunidade de 250 pessoas e está crescendo semana a semana.

Nosso projeto de QUALIDADE DE VIDA & IDOSOS tem atraído interesse para nossa causa.
Em fevereiro estarão "no ar" duas novidades, ainda em fase de elaboração técnica.

1 - Postagens classificada em TÓPICOS onde cuidadores, hotéis para idosos, eventos, ofertas e procura de profissionais poderão divulgar seus serviços.
2 - Discussões sobre temas de interesse a idosos em UNIDADES, para discussão franca e aberta sobre concentração, memória atenção, planejamento,vida social.

Aguarde mais informações sobre como participar.

A FONTE DA ETERNA JUVENTUDE


Esta crônica foi uma das mais lidas, quando nosso blog tinha pouco mais de 200 visitas.
Neste começo de ano vale a pena oferecer para os mais de 4.000 leitores. 
Boa leitura!


Uma coisa é certa: não é a idade que importa quando se trata do envelhecer. Lembro-me de meus pais, não sei precisar a idade que tinham, mas, certamente tinham 60 anos ou mais. Eles diziam que às vezes se assustavam ao ter que citar a idade que possuíam, já que esta em nada  coincidia com a energia que sentiam ter. E nesses momentos de reflexão e recolhimento, meu pai ainda dizia: “Quem me dera ter a disposição que tive nos meus 30 anos somada à experiência que possuo hoje!” E completava: “Ninguém me superaria!”