Esta crônica foi uma das mais lidas, quando nosso blog tinha pouco mais de 200 visitas.
Neste começo de ano vale a pena oferecer para os mais de 4.000 leitores.
Boa leitura!
Uma coisa é certa: não é a idade que importa quando se trata do envelhecer. Lembro-me de meus pais, não sei precisar a idade que tinham, mas, certamente tinham 60 anos ou mais. Eles diziam que às vezes se assustavam ao ter que citar a idade que possuíam, já que esta em nada coincidia com a energia que sentiam ter. E nesses momentos de reflexão e recolhimento, meu pai ainda dizia: “Quem me dera ter a disposição que tive nos meus 30 anos somada à experiência que possuo hoje!” E completava: “Ninguém me superaria!”
Na época, eu ouvia esse comentário e achava graça ao juntar a figura de meu pai bem mais jovem ao modo atual como ele se apresentava. E, por mais que buscasse entender o que significavam essas palavras, somente hoje, aos 67 anos, compreendo com certa dor na alma o que dizia. E, plagiando o poeta, arrisco-me a dizer que isso ocorre somente porque “o envelhecer tem razões que a própria velhice desconhece”.
Recebi há algum tempo um poema de Luan Jessan, publicada na internet, que traduz aquilo que antes eu não entendia e que agora sei, exatamente, o seu sentido:
“Por fora tenho tantos anos que você nem acredita.
Por dentro, quinze ou menos, e me acho bonita.
Por fora, óculos; algumas rugas, gordurinhas, prata nos tintos cabelos.
Por dentro sou dourada, alma imaculada, corpo de modelo.
Por fora, em aluviões, batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas, filosofia e amigos sem despeito.
Por dentro, sei me cuidar, vivo a brincar, meio sem jeito.
Não me derrota a tristeza; não me oprime a saudade; não me demoro padecente.
E é por viver contente que concluo sem demora: é a menina que vive por dentro, que alegra a mulher de fora!”
Atualmente as pessoas se preocupam tanto em manter uma aparência jovem como se por ela fosse possível avaliar a energia, a disposição, o bom humor e tantas outras “qualidades” que reconhecemos traduzir o jovem que um dia foram. Assim, se sujeitam a realizar cirurgias plásticas, usar roupas justas e decotadas, camisetas regata para mostrar músculos rijos e a pele bronzeada, imaginando estarem, dessa forma, bebendo da fonte milagrosa que perpetua a juventude.
Mal sabem elas que agindo desse modo estão deixando de viver e apreciar as belezas, as surpresas e a felicidade inerentes à fase da vida na qual se encontram e, muito menos, a que desejam perpetuar. Não imaginam que a fonte da juventude se encontra, única e simplesmente, dentro de cada um de nós e nunca no lado de fora...
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