MINHA MÃE E MINHAS AVÓS – SAUDADE!

Há mães de todos os tipos: carinhosas, apressadas, boas ouvintes, estressadas, caprichosas, melindradas, de “pavio curto”, distraídas, sorridentes, mal humoradas, inteligentes, românticas, sábias, democráticas, sonhadoras, ativas, tranquilas, brincalhonas, workaholics, frágeis, saudáveis, esportistas, endinheiradas, remediadas, mandonas, submissas, ousadas, tímidas, risonhas, sérias, ingênuas, ciumentas, “sem noção”, ponderadas; isto, só para começar a mostrar as variedades de mães!

Lembro-me de minha avó paterna como uma senhorinha de olhar meigo, sorriso tímido, cabelos grisalhos arrumados em coque, vestindo uma saia longa, escura e, sobre a blusa, seu xale cinza. Durante minha infância convivi um bom tempo com ela. Em nossa casa havia uma poltrona reservada onde ela se acomodava e, a partir de lá, me ajudava a criar uma gostosa e sempre bem vinda brincadeira de casinha.


Minha avó materna residiu por muitos anos na casa vizinha à nossa. Era muito fácil “visitá-la”, pois havia uma passagem entre os quintais de nossas casas por onde meus irmãos e eu íamos e vínhamos de uma casa para outra como se ambas fossem nossos domínios. As muitas recordações que tenho da minha avozinha são da cozinha de sua casa; sempre de costas, cozinhando. Eu a procurava quando, lá de casa, sentia o cheirinho das delicias que ela fazia: bolinho de arroz, croquete de carne, pães, bolos e doces, pamonha...

Sentada na banqueta da cozinha, que sempre estava à minha espera, eu ficava admirando sua habilidade até que, logo mais, vovó me presenteava com a pergunta: “Quer provar?” E, como resposta recebia meu olhar e o sorriso mais agradecidos. Era sempre – tudo! – delicioso. 

Minha mãe era exímia dona de casa. Até hoje me refiro a ela como tendo se profissionalizado como “do lar”... Algum tempo após o falecimento de meu pai, sua saúde aos poucos foi se fragilizando até chegar o dia em que não mais conseguiu descer ou subir a escada do sobrado em que morávamos permanecendo reclusa em seu quarto. Eu saía de manhã para trabalhar e voltava a casa no início da noite, sabendo que mamãe aguardava meu retorno para ouvir um relato minucioso de como tinha sido meu dia.

Nessas horas, me ouvia atenta, fazia perguntas, me aconselhava e incentivava a superar as dificuldades. Seu quarto passou a ser o centro da casa, pois lá a vida cabia nas dimensões exatas do afeto e respeito que enfim revelamos uma pela outra. Tornamo-nos cúmplices e íntimas como nunca em nossas vidas havíamos sido.

Três mulheres que souberam, pela sua amorosidade, conquistar meu respeito e admiração como mães que foram e, como idosas, pela nobreza e dignidade com que viveram essa etapa de suas vidas. Neste Dia das Mães, a elas minha gratidão eterna!

A todas as mães, meu desejo de que construam, com seus filhos, uma relação afetiva – do seu jeito, da sua forma.

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Próxima postagem, dia 16 de maio: A AQUARELA E O ARTISTA

6 comentários:

  1. Senti como se estivesse presente nesse pedacinho de histórias de sua avó e sua mãe, Malu. Doces momentos de duas mulheres fortes e especiais. Obrigada por compartilhar e inspire-se.

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  2. Cheiros e perfumes no ar de canela, cravo, açúcar sendo derretido - nas vésperas de datas comemorativas - isto era o jeito mais concreto de traduzir as palavras amor e vida em nosso cotidiano familiar.

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    1. CNavarro, de fato, esses aromas inundaram nossa infância passando-nos a sensação - e a certeza - de que estávamos protegidos pelo amor e carinho não apenas dessas mulheres, mas por todos os que nos cercavam nessas duas "casas encantadas"!

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