PRESENTE AOS LEITORES: ARTIGOS DA REVISTA MAGAZINE 60+ .

Em setembro de 2019 comecei a participar, como articulista, de uma revista digital criada para trazer às pessoas idosas informações relevantes sobre saúde, orientações diversas, relatos de experiências de vida, assim como fatos históricos, científicos, sociais e políticos que desencadearam nosso modo de ver e viver o envelhecer.

A revista, Magazine 60+, foi projetada e é organizada por Manoel Carlos Conti, artista plástico e jornalista. A revista se consolidou e hoje conta com uma equipe numerosa e diversificada de profissionais que respondem pela publicação dos artigos mensalmente apresentados.

Conheça a edição #19 de Janeiro de 2021.

https://issuu.com/manoelcarlosconti/docs/jornal_60__19

Basta acessar o link que a Magazine 60+ estará à sua disposição, podendo ser aberta quantas vezes forem necessárias para você se inteirar do que acontece no “mundo 60+”

Há algum tempo constatei a presença, entre os leitores dessa revista, de pessoas mais jovens. Esse fato me fez perceber que a Magazine 60+ atende ao público com mais de 60 anos, mas também às pessoas que pretendem chegar lá e ir além.

Pensando neste público, achei boa ideia transcrever no blog alguns artigos mensais, iniciando pelo primeiro que escrevi para aquela revista. .

Mensalmente, a cada lançamento de uma nova edição, o blog da Feliz Idade disponibilizará o link da revista e postará um artigo de minha autoria publicado em edições anteriores da Magazine. Espero que vocês apreciem!

COMER E COÇAR... É SÓ COMEÇAR

Outubro de 2019 - #4

https://issuu.com/manoelcarlosconti/docs/jornal_60__4

Uma das principais queixas que fazem as pessoas ao chegarem aos sessenta anos, e daí para frente – principalmente após a aposentadoria –, diz respeito à memória, melhor dizendo, às falhas que começam a perceber em relação às suas memórias. De forma geral tais idosos se reconhecem, a partir dessa constatação, como fazendo parte de uma população de idade avançada, na qual é esperado que ocorram lapsos de memória juntamente com seu progressivo declínio, tudo isso como consequência do envelhecer.

O pior, é que muitos deles se convencem que essa é a realidade, sem notar que, assim, estão perpetuando uma ideia antiga e ultrapassada de que o idoso é alguém frágil, debilitado e que necessita de amparo constante. Não percebem que envelhecer não equivale a adoecer e que a velhice corresponde a mais uma etapa na vida de quem chega aos 60 anos e vai além; uma etapa de vida ainda pouco conhecida pelos estudiosos e população em geral.

Como todas as etapas de vida, a velhice também possui suas particularidades, seus caminhos e encruzilhadas, suas conquistas e alegrias, perdas e limites.

Senão, vejamos: “memória é a capacidade do sistema nervoso de adquirir e reter habilidades e conhecimentos utilizáveis, o que permite aos organismos vivos beneficiar-se da experiência” [1]. Aprender é processo inerente ao ser humano. A aprendizagem ocorre pela capacidade que possuímos, entre outras, de memorizar e, assim, nos beneficiarmos das experiências vividas. Ao nos permitirmos viver experiências diversificadas estaremos, no mínimo, acrescentando conteúdos novos àqueles já adquiridos e, com isso, ampliamos nosso repertório de conhecimentos, o que resulta em novas condições de raciocínio e entendimento do mundo que nos rodeia, bem como das ações que podemos promover para chegarmos a resultados desejados.

As pessoas estão sempre aprendendo, pois o desejo de entender e de se aprofundar em determinados conhecimentos é permanente e o desafio para conhecer é constante. Desejo e desafio só esmorecem se a pessoa se isolar do convívio social, ignorar sua curiosidade e se render a um “tempo de espera”; se imaginar que o idoso vive a condição de ser inútil. Por isso, creio ser fundamental definir o quê entendo por idoso:

Idosa é a pessoa que, mesmo possuindo idade avançada, apresenta a energia, a alegria, a disponibilidade, o interesse, a curiosidade, o bom humor semelhante ao de quando ainda era jovem, como se ainda jovem fosse. Isso porque ser jovem ou velho não depende da quantidade de anos vividos, mas da qualidade com que essa pessoa foi capaz de vivê-los e do temperamento que construiu ao longo das inúmeras experiências vivenciadas. O idoso aproveita aquilo que de melhor apreendeu unindo a jovialidade que conheceu quando adolescente à experiência formada nos seus muitos anos de vida. E, assim, pode se abrir para a espiritualidade!

E a questão da memória, origem desta reflexão? Muitos de nossos esquecimentos encontram-se associados a um fenômeno chamado de “desatenção”, quando deixamos de observar os detalhes para atentar ao todo da situação. Assim é possível que não lembremos onde colocamos a chave do carro ou se a consulta médica foi marcada para hoje ou para amanhã. Outros fatores que interferem em nossa memória são o “bloqueio temporário” que provoca o esquecimento de algo que conhecemos como, por exemplo, o nome de uma rua ao relatarmos o trajeto que fizemos para chegar a um determinado local. “Está na ponta da língua” é o que mais se fala nessas circunstâncias. Há também os esquecimentos devido à “transitoriedade”, isto é, ao esquecimento que ocorre com o passar do tempo, talvez devido ao pouco uso da informação. Esses são os tipos mais comuns das queixas sobre memória que todas as pessoas, independentemente da idade que possuem apresentam. Não é algo típico do idoso!

O ditado popular nos alerta: “usar para não perder” é o que se recomenda para termos um envelhecimento saudável. Usar nosso corpo e nossa mente o mais que pudermos, exercitando nossos conhecimentos, nossas memórias, nosso convívio social, nossa visão de mundo. Somente assim garantiremos saúde, disposição e alegria na velhice. “Comer e coçar...”



[1]  Gazzaniga, Michael S., Heatherton, Todd F. Ciência Psicológica: mente, cérebro e comportamento; Porto Alegre: Artmed, 2005


6 comentários:

  1. Achei muuuuito legal esse blog... parabéns

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  2. Grata pelo comentário. Espero que você conheça nosso blog, nosso grupo da Feliz Idade, nossos projetos de ação junto às pessoas com 60+ ou mesmo menos, porque todos queremos chegar lá e viver muito ainda! Um abraço - virtualmente pode.

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  3. José Clemente Méo Junior21 de janeiro de 2021 às 08:11

    Muito bom, Malú. Como sempre, recomendações e observações muito importantes.

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    1. Grata, José Clemente Méo Junior. Escrevo os artigos e as postagens com o maior carinho, sempre pensando que as pessoas podem viver o processo de envelhecimento de forma leve, alegre, em paz com a vida. É claro, isso tudo só é possível se fizermos circular informações esclarecedoras sobre essa etapa de vida. Um grande abraço, meu amigo.

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  4. Ótimo Malú, isso mesmo. Tamu juntos! Bjus

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  5. Obrigada, Eduardo Meyer. Que bom que você apreciou! Temos muita vida a viver ainda e precisamos/queremos vivê-la bem. Há muito a ser feito! Um grande abraço,amigo.

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