Noto que parte de meus cabelos continuam castanhos, embora seja necessário reconhecer que há bom tempo fios prateados começaram a substitui-los. Logo mais, serão maioria... Minha pele não mais apresenta a flexibilidade e o viço de antes e rugas se aprofundam e se tornam marcas que, como cicatrizes, me acompanharão em minha velhice.
Na tentativa de me reconhecer nessa imagem que também me examina, noto meu olhar: este ainda possui certo brilho por onde transparece a pessoa romântica, sonhadora e idealista que fui em minha juventude e na maturidade. Há algo, porém, que os diferencia: meu olhar do passado era um tanto fugidio, assustadiço e tímido, embora revelasse, dependendo da circunstância, o entusiasmo e a
intensidade que somente os olhares jovens possuem, seja pela ingenuidade ou por excessivas e flutuantes paixões. O atual é mais tranquilo, ponderado e muito mais contemplativo.
Sou capaz de olhar nos olhos de quem comigo conversa e de manter esse olhar. Sou capaz de olhar algo com amor, com revolta, com admiração, alegria, mágoa, ironia, enlevo, horror. Comparando esses olhares, o de outrora e o atual, entendo o significado da frase: “o olhar é o espelho da alma”.
Sim, pois muito mais do que refletir sensações ou sentimentos momentâneos, o olhar bem mais tranquilo e observador que possuo agora revela um caminho já percorrido e que só foi se acomodando graças às vivências e ao amadurecimento que cada situação vivida me proporcionou.
Perdi muito por envelhecer? Pelo contrário, ganhei. Sem falsa modéstia, ganhei experiência somada à sabedoria. Cada ruga, cada fio de cabelo prateado, cada olhar hoje representam conhecimentos adquiridos em desafios enfrentados. De alguns saí vitoriosa; de outros, nem tanto. E quem foi que disse ser importante obter a vitória sempre?
Com meus erros fui acumulando vivências e, por meio delas, conheci realidades várias que me tornaram mais consciente de quem sou, de onde estou, daquilo que almejo e do que posso fazer. Hoje sei que erros e acertos fazem parte da vida. Só não os vive quem se mantém estático. E quem fica parado, na verdade, anda para trás.
A consciência adquirida me possibilita distanciar-me dos acontecimentos, ponderá-los usando critérios objetivos e subjetivos – incluindo-se nessa subjetividade a tolerância, a paciência, a amorosidade e a compaixão resultantes de tudo o que vivi até agora. Essa consciência também me garante saber que tudo passa mesmo os momentos de dor e aflição ou os de paixão e alegria.
Tudo passa simplesmente porque a vida continua e a cada instante nos surpreende com novos enredos, atores e cenários. Tudo passa porque estamos vivos. A vida é dinâmica e nesse turbilhão de fatos nos obriga a abrandar nosso orgulho tornando-nos mais humildes. Com o poder da humildade conseguimos, enfim, abrir espaço para a espiritualidade.
Assim, a aventura continua!
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Muito obrigada!
Boa reflexão Malu, repleta de sinceridade,tranquilidade e sabedoria.Particularmente, gostei bastante dos últimos dois parágrafos. Abraços.
ResponderExcluirMeu amigo ou minha amiga - pena não poder tratá-lo pelo seu nome, já que você assina como "Anônimo" -,grata por seu comentário. É muito bom saber a opinião de quem lê os meus textos e o que os leitores apreciam neles. Espero, sobretudo, que as publicações que trago até vocês sirvam como oportunidade para abrirmos um diálogo sincero, tranquilo e competente, sobre o bem envelhecer. Uma sugestão, caso você queira sair do anonimato nos seus comentários: abaixo do campo de comentários há a silhueta de uma pessoa e,ao lado,a indicação de "Comentar como:". A seguir, em um segundo campo, você deverá clicar na seta para eleger como você quer aparecer, daí o título "Selecionar perfil". Você poderá escolher entre o nome usado em sua "Conta do Google", escrever seu "Nome/URL" ou como "Anônimo". Espero que você continue a ler as postagens, continue a comentá-las e, quando possível, se identifique, para que me seja possível tratá-lo pelo seu nome. Um abraço.
ExcluirMalu gostei e me vi refletindo através das observações do seu olhar. Bom que continuamos com brilho e atentas a tudo.
ExcluirOlá MALU.
ResponderExcluirVi que seu blog chegou a mais de DOIS MIL leitores.
Sem dúvida pela qualidade dos seus textos.
Nada mal!
Parabéns.
Obrigada, Donadio, M por sua apreciação. De fato, é um número significativo, que me deixa muito feliz e que faz crescer minha responsabilidade e o desejo de seguir em frente! Um abraço.
ExcluirMalu!! Muitas das suas reflexões tem enorme sinergia com minha força de sentir e pensar, até porque sou partidária da legião do "Jovens a mais tempo" que busca inovação, que acredita em novos propósitos, mas melhor ainda, quando sua missão estiver bem resolvida.
ResponderExcluirParabéns!! Vou estar lendo, compartilhando e se possível lhe agregando em conteúdo . Gratidão
Obrigada, minha amiga - digo amiga, porque você refere ser " partidária da legião...", mas pena não poder tratá-la pelo nome, uma vez que assinou como "Anônimo". Fico muito honrada com sua presença. Sinta-se "em casa" para ler, comentar, compartilhar, sugerir temas. Fique à vontade para contribuir com conteúdos e, para isso escreva para meu e-mail, cujo endereço aparece logo abaixo. Um abraço.
ResponderExcluirOlá Malu, parabéns amiga!!! Texto "ganha, ganha" como é vc!! Beijos.
ResponderExcluirSergio Cahen,grata por sua presença, meu amigo! Beijos.
ResponderExcluirAmiga, enquanto houver vida devemos manter o brilho em nosso olhar e a atenção a tudo o que seja significativo para nós, a população idosa, e para os demais que ainda irão chegar onde estamos. Grata por seu comentário e participação!
ResponderExcluirParabéns pelo texto, você fala do envelhecer com muita expertise, os dois últimos parágrafos resume o envelhecer.
ResponderExcluirMalu, além da reflexão necessária, o texto fala de esperança, de experiências e aprendizados. É isso em que eu acredito. Viver e aprender. Obrigada pela leveza da leitura!
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