MUDAR O HÁBITO FAZ A SAÚDE DO MONGE


Mudar de hábito não é para qualquer um, é mais complicado ainda para os idosos. Exige, de quem se habilita a viver essa experiência, que tenha determinação para aceitar as mudanças, disponibilidade para viver o novo, desprendimento do que se acostumou a fazer e disciplina para não desistir no primeiro obstáculo.

Os hábitos que criamos deveriam ser revistos de tempos em tempos, pois como tudo nesta vida, também eles precisam ser atualizados. Hábitos são como vícios: depois de instalados, adquirem uma força descomunal a ponto de nos fazerem associá-los à energia motriz que nos impulsiona a viver. 

Recentemente, conversando com uma menina de 8 anos, filha de amigos queridos, me surpreendi com o seu comentário.

A AQUARELA E O ARTISTA

Refletir sobre esse processo chamado Vida é mesmo apaixonante e convém a qualquer idade. Mas para os idosos, avaliá-la tem um sabor a mais, já que são muitas as experiências adquiridas!

Pensar na vida, no significado das vivências que tivemos e das inúmeras pessoas com quem nos relacionamos é um excelente exercício para ativar nossa memória afetiva e emocional.

Observemos um artista plástico que desenha e pinta seus quadros. Em sua aquarela encontramos uma profusão de cores. Ao planejar seu trabalho o artista imagina não só o que irá desenhar, como também as nuances de cor que usará para garantir que as pessoas sintam, exatamente, a emoção que deseja transmitir.

MINHA MÃE E MINHAS AVÓS – SAUDADE!

Há mães de todos os tipos: carinhosas, apressadas, boas ouvintes, estressadas, caprichosas, melindradas, de “pavio curto”, distraídas, sorridentes, mal humoradas, inteligentes, românticas, sábias, democráticas, sonhadoras, ativas, tranquilas, brincalhonas, workaholics, frágeis, saudáveis, esportistas, endinheiradas, remediadas, mandonas, submissas, ousadas, tímidas, risonhas, sérias, ingênuas, ciumentas, “sem noção”, ponderadas; isto, só para começar a mostrar as variedades de mães!

Lembro-me de minha avó paterna como uma senhorinha de olhar meigo, sorriso tímido, cabelos grisalhos arrumados em coque, vestindo uma saia longa, escura e, sobre a blusa, seu xale cinza. Durante minha infância convivi um bom tempo com ela. Em nossa casa havia uma poltrona reservada onde ela se acomodava e, a partir de lá, me ajudava a criar uma gostosa e sempre bem vinda brincadeira de casinha.

A FONTE DA ETERNA JUVENTUDE

Uma coisa é certa: não é a idade que importa quando se trata do envelhecer. Lembro-me de meus pais, não sei precisar a idade que tinham, mas, certamente tinham 60 anos ou mais. Eles diziam que às vezes se assustavam ao ter que citar a idade que possuíam, já que esta em nada  coincidia com a energia que sentiam ter. E nesses momentos de reflexão e recolhimento, meu pai ainda dizia: “Quem me dera ter a disposição que tive nos meus 30 anos somada à experiência que possuo hoje!” E completava: “Ninguém me superaria!”

Na época, eu ouvia esse comentário e achava graça ao juntar a figura de meu pai bem mais jovem ao modo atual como ele se apresentava. E, por mais que buscasse entender o que significavam essas palavras, somente hoje, aos 67 anos, compreendo com certa dor na alma o que dizia. E, plagiando o poeta, arrisco-me a dizer que isso ocorre somente porque “o envelhecer tem razões que a própria velhice desconhece”.

Recebi há algum tempo um poema de Luan Jessan, publicada na internet, que traduz aquilo que antes eu não entendia e que agora sei, exatamente, o seu sentido: 

 “Por fora tenho tantos anos que você nem acredita.
Por dentro, quinze ou menos, e me acho bonita.
Por fora, óculos; algumas rugas, gordurinhas, prata nos tintos cabelos.
Por dentro sou dourada, alma imaculada, corpo de modelo.
Por fora, em aluviões, batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas, filosofia e amigos sem despeito.
Por dentro, sei me cuidar, vivo a brincar, meio sem jeito.
Não me derrota a tristeza; não me oprime a saudade; não me demoro padecente.
E é por viver contente que concluo sem demora: é a menina que vive por dentro, que alegra a mulher de fora!” 

Atualmente as pessoas se preocupam tanto em manter uma aparência jovem como se por ela fosse possível avaliar a energia, a disposição, o bom humor e tantas outras “qualidades” que reconhecemos traduzir o jovem que um dia foram. Assim, se sujeitam a realizar cirurgias plásticas, usar roupas justas e decotadas, camisetas regata para mostrar músculos rijos e a pele bronzeada, imaginando estarem, dessa forma, bebendo da fonte milagrosa que  perpetua a juventude.

Mal sabem elas que agindo desse modo estão deixando de viver e apreciar as belezas, as surpresas e a felicidade inerentes à fase da vida na qual se encontram e, muito menos, a que desejam perpetuar. Não imaginam que a fonte da juventude se encontra, única e simplesmente, dentro de cada um de nós e nunca no lado de fora...

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